Uma Lenta Corrida

 Olá, mais uma semana, mais um desafio. Trago-vos agora o tema 3 e penúltimo do desafio "Atreves-te a escrever?" lançado no Instagram pela Vera Barbosa e Elisabete Martins Oliveira. Segue em baixo os blogs delas:

Vera Barbosa

Elisabete Martins Oliveira





  "Já é tarde demais. Eles querem vingança. Não tenho escolha senão fugir."

    Tenho de ir já, pois não sou muito rápida. Decidi há um ano trabalhar e viver independente e até à pouco tempo estava a sair-me lindamente. Como era só eu a caçar, fazia-o em muito menor número que anteriormente com o meu grupo e isso fazia-me passar despercebida. 
    Mas agora eles tinham reparado e vinham atrás de mim... Se calhar comer o cérebro daquela menina foi demais. É, eu sou uma zombie e o meu nome é Helena. Sou verde com um leve toque de cinzento e falta-me partes da carne, os meus olhos são negros com a órbita amarelada.
    Saí do moinho abandonado e coxeei para o mato, visto que não sou beneficiada na velocidade, o melhor é não me manter em campo aberto. Aqui, no mato, não há luz e não tarda escurece, isso deverá travá-los e dar-me-á um bom avanço, pelo menos foi o que julguei. Acho que a minha única sorte é mesmo não ser fácil de matar.
    Nem sempre fui assim, sabem? Também já fui uma menina como qualquer outra humana. Tinha entrado na faculdade de Direito quando tudo mudou. Fui contra um homem alto e magro, de pele verde acinzentada,  com olhos negros no meio do amarelo, roupas rasgadas e. com um cheiro a podre. Não estranhei porque era Halloween, mas quando olhei com mais atenção, reparei que lhe faltava partes do corpo, carne em alguns sítios e isso fez-me  recuar. Só que despertei algo nele,  então, ele não me deixou ir sem uma recordação. Fez-me engolir uma parte dele. Lembro-me de ter gritado e depois de ter passado mal à noite. Só isso.
    Acordei num caixão e outros zombies tiraram-me de lá. Mas nunca mais vi aquele homem. Ainda fiquei uns tempos com eles, mas eles matavam mais do que era necessário e eu achava que bastava caçar o suficiente para nos alimentar. Então deixei-os quando aprendi a controlar os meus dons de monstrinho. Mas agora estava tramada!
    Andei pelo mato, cerca de uma hora,  quando ouvi cães.
    -  Boa Helena, és mesmo burra! Claro que eles já estavam à espera que fugisse para o mato porque eles têm cães! - comecei aos gritos comigo própria.
    Se quer valeria a pena tentar fugir?
    Um cão apanhou-me a perna com a força que ele fez quase a arrancou! Caí por terra, abano a perna freneticamente para ver se ele a liberta quando vejo uma sombra a aproximar-se. É o dono dele e traz uma enxada. Pronto, acabou as minhas aventuras de monstrinho. Nem sei se isso me agrada ou deixa triste.
    Quando penso que tudo terminou, escuto um berro de agonia e olho para ver o que se passa. É ele! O meu criador. Como ele é forte e sabe o que faz.  
    O que se passa contigo, Helena?
    Estou a admirar um zombie que acabou com a minha vida, a comer o cérebro do meu atacante, ainda por cima, babada. O cão deve-me ter mordido com força.
    - Que pensas que estás a fazer, aí, especada? Apressa-te a esconder! Contra um ainda  te safo,  mas contra o r esto da aldeia é impossível!
    Ele tinha razão,  por isso apressei-me a esconder. Ele ainda demorou a fazer-me companhia, estava a despistá-los. Assim que acabou a sua armadilha, veio juntar-se.
    - Olá... - comecei.
    - Shh... és pior que uma criança, agora silêncio, ainda não estamos a salvo.

Cláudia Barbosa








Comentários

  1. Olá, Cláudia!
    Devo dizer que fiquei surpreendida quando vi que se tratava de uma zombie! Descreveste uma situação-limite e adicionaste um conflito pessoal a ela, o que é excelente!
    Obrigada por teres participado, esperamos ver-te neste último tema!
    Um beijinho,
    Elisabete.

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